Fadiga e a esclerose múltipla
A fadiga é uma das queixas mais frequentes dentre os portadores de esclerose múltipla1,2 e, às vezes, a mais incompreendida. Isso acontece porque, assim como a dor, a percepção de fadiga acaba sendo subjetiva, ou seja, diferente para cada pessoa. Por ser difícil de descrevê-la, a comunicação sobre seus efeitos também acaba sendo prejudicada¹,3.
A definição oficial dada pela Academia Brasileira de Neurologia é de uma “Sensação subjetiva de perda de energia, física ou mental, que interfere com as atividades rotineiras do indivíduo, de acordo com a percepção do paciente ou do seu cuidador(…)”.²
A fadiga pode estar associada a vários sintomas diferentes como, por exemplo: cansaço físico, cansaço mental, falta de motivação, dificuldade de concentração, fraqueza muscular, dificuldade para completar tarefas, dificuldades para dormir e até dor ou desconforto físico¹.
A fadiga pode ser separada em dois tipos1:
Fadiga persistente: É aquela que limita atividades funcionais ou a qualidade de vida e se apresenta por qualquer período de tempo durante mais da metade do dia, por 6 semanas. 1
Fadiga aguda: é aquela que não tem antecedentes ou que tem sua sensação aumentada por 6 semanas ou mais. Ela também limita atividades funcionais ou a qualidade de vida.1
As causas da fadiga começaram a ganhar a atenção dos pesquisadores a partir da década de 1980. Há várias hipóteses sobre suas causas, porém ainda não há certezas.1 Estudos indicam que ela pode ser causada por vários fatores diferentes, como: alterações na função do sistema imunológico1,2, consequências do processo da doença sobre as funções do sistema nervoso, mudanças neuroendócrinas1 e infecções2,3, por exemplo. Sono desregulado, dor, fatores psicológicos e falta de condicionamento físico também podem contribuir para o aparecimento da fadiga, que pode ser agravada também pelo calor1,2.
Para tratá-la, é necessário identificar o sintoma corretamente e buscar os fatores desencadeantes ou agravantes. Atualmente, a base para o tratamento está na conservação de energia, exercícios físicos, prevenção do aumento da temperatura corporal e uso de medicamentos.2
Abaixo, algumas dicas do que pode ser feito para amenizá-la:
– Tenha pausas durante o dia para economizar energia corporal.2
– Defina as tarefas prioritárias e dê atenção a elas. Se não conseguir completar todas as tarefas, reorganize a agenda.2
– Como a fadiga pode piorar com o calor, dê preferência a ambientes bem ventilados ou climatizados (ar condicionado), tome banhos frios e bebidas geladas.2
– Faça exercícios físicos regularmente. Programas de exercícios aeróbicos e/ou treinos com exercícios como a musculação, por exemplo, quando adaptados às necessidades de cada pessoa e realizados sob supervisão de equipe multidisciplinar mostraram melhora da fadiga.2
– Converse com a sua família sobre a fadiga e suas implicações nas atividades diárias e profissionais. Ter compreensão, apoio e tolerância é muito importante e pode facilitar o dia a dia.4
Fonte:
- KRUPP, L. Fatigue in Multiple Sclerosis: A Guide to Diagnosis and Management.
- ACADEMIA BRASILEIRA DE NEUROLOGIA. Recomendações Esclerose Múltipla. 1ª edição. São Paulo: Omnifarma, 2012. Disponível emhttp://formsus.datasus.gov.br/novoimgarq/14491/2240628_109700.pdf. Acessado em 16. Abr. 2015.
- MENDES, MF; TILBERY, CP; FELIPE, E. Fadiga e esclerose múltipla: estudo preliminar de 15 casos através de escalas de auto-avaliação. Arq Neuropsiquiatr 2000;58(2-B): 467-470. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/anp/v58n2B/2248.pdf. Acessado em 16. Abr. 2015.
- FERRARI, B. Fadiga na Esclerose Múltipla. RBM – REVISTA BRASILEIRA DE MEDICINA:Especial Neuropsiquiatria 9, V 69, p. 25-27, 2012. Disponível emhttp://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=5279. Acessado em Abr. 2015.